Funga ao alcance de todos!
Programa Ciência Cidadã:
O biólogo e mestrando Mahatmã Titton explica aos leitores do MIND.Funga os desdobramentos da implementação do Programa de Ciência Cidadã.
O grupo de pesquisa MIND.Funga, com o intuito de demonstrar a importância dos fungos e promover a conservação, realiza o Programa Ciência Cidadã. Neste âmbito, os pesquisadores além de irem para o campo coletar e conhecer a diversidade de espécies, através do treinamento e disponibilização de um aplicativo para smartphone, envolvem a comunidade local para horizontalizar a ciência.
É uma forma de usar a ciência para impactar positivamente a sociedade e difundir conhecimento. O biólogo e mestrando Mahatmã Titton foi entrevistado para relatar como especialistas, pessoas de fora da universidade e a tecnologia colaboram neste projeto especial.
PARA MAIS DETALHES
Qual é a importância de debater o tema “fungos” com a sociedade?
Os fungos são ainda pouco conhecidos, principalmente em nossa sociedade que é micofóbica, e é através do trabalho com a comunidade e sociedade em geral no qual vamos mostrar que os fungos não são ameaçadores, e sim, que muitos podem estar ameaçados de extinção.
Como o voluntário pode identificar a diversidade das espécies em campo? É uma questão de treinar o olhar do próprio cientista…
Este é um ponto muito legal, o treino do olhar é constante, começa desde o primeiro contato com o programa no qual apresentamos o que são os fungos, quais substratos que podem ser encontrados, o que são os esporomas, a forma de como se alimentam, se tem perigo em tocar, comer, etc… Notamos que primeiramente os colaboradores começam apenas enviando poucas imagens e ainda sem nomes, depois de um tempo que recebem o retorno das identificações, em alguns casos automaticamente começam a enviar mais imagens e algumas com os nomes já reconhecidos por eles mesmo.
As fotos ficam salvas no aplicativo e no nosso banco de dados, dessa forma fica mais fácil acionar pesquisadores do grupo e pedir auxílio para revisar os registros realizados pelos colaboradores. Assim, após essa curadoria, enviamos um email com a possível identificação do conjunto de imagens. Ainda sobre curadoria, possuímos um grupo no WhatsApp, onde tiramos as dúvidas diretamente com os colaboradores, como por exemplo: quais serão as próximas etapas do projeto, se os envios estão corretos, se deu algum problema, se teve alguma dúvida na identificação, etc..
Qual é a importância dos cientistas colaborarem entre si em projetos focados em identificar e aprender sobre diversidade de fungos? Como as instituições (Universidades, laboratórios e institutos de pesquisa) podem ajudar nesse diálogo entre estudiosos?
São projetos de base que podem auxiliar as novas pesquisas no futuro. Além do mais, estamos notando que muitas espécies nestes ambientes críticos estão correndo sérias ameaças. Acredito que através de encontros e discussões multidisciplinares, as instituições podem colaborar com este tema delicado, e também, podem fornecer recursos para projetos e programas voltados para conservação desses ambientes e organismos ameaçados. Ao meu ver, de nada adianta termos uma sociedade saudável e uma natureza que muito nos serve, doente.
Espécies da flora, fauna e funga interagem entre si. A biodiversidade depende dessas interações. Como o estudo sobre fungos pode apoiar a preservação dos próprios fungos, animais e plantas?
Os fungos são essenciais para a vida na terra, é toda uma base da cadeia trófica, e basicamente todos os organismos na terra dependem deles de alguma forma, direta ou indiretamente. Compreender e entender como uma espécie se relaciona com a outra, como se desenvolvem, como se reproduzem e fornecem alimentos para os outros seres, entre outros detalhes… pode fazer a ciência ter um outro olhar, praticamente tudo que temos hoje foi produzido através de observação e compreensão, e talvez, pode não ser diferente quando se tem ainda todo um universo de organismos a ser conhecido e estudado.
Edição de Genivaldo Alves-Silva e GT de divulgação MIND.Funga