MIND.Funga – Monitoring and Inventorying Neotropical Diversity of Fungi
  • Venha conhecer a Galeria Funga do Brasil: O mais novo lançamento do MIND.Funga em 2024!

    Publicado em 16/01/2024 às 13:55 01Tue, 16 Jan 2024 13:55:13 +000013.

    A Funga do Brasil está no ar! (https://mindfunga.ufsc.br/galeria-teste/)

    A Galeria Funga do Brasil foi criada com o propósito de divulgar e mostrar parte da exuberante diversidade de fungos do Brasil. Já sabemos que a funga brasileira tem grande diversidade de formas, tamanhos, cores, funções, nichos e requerimentos que precisam ser divulgados. Mas a importância da criação desta galeria não se resume somente à representação da beleza dos fungos. Os registros de diferentes espécies de fungos no Brasil contidos na galeria podem servir como ferramenta para a realização de estudos e estabelecimento de políticas públicas envolvendo a conservação de espécies potencialmente ameaçadas, ou já avaliadas como tal. Além disso, a galeria pode ser também utilizada como recurso didático dentro de instituições de ensino de diferentes níveis educacionais, desde a educação superior até  principalmente a básica, aproximando os fungos do cotidiano das crianças, jovens e adultos e instigando a curiosidade deles a respeito da imensa diversidade contida dentro do grupo. Queremos popularizar a funga do Brasil e dar a ela o destaque de seu merecimento, já que os fungos, embora negligenciados em conhecimento, são tão importantes para nossas vidas, seja no equilíbrio natural das florestas/ecossistemas que nos dão água e temperatura adequada até os usos cotidianos através do consumo de medicamentos, alimentos, cosméticos, etc.

    A Galeria Funga do Brasil conta com registros de diferentes colaboradores, um produto derivado dos esforços para o treinamento da rede neural do aplicativo MIND.Funga APP (https://mindfunga.ufsc.br/app/) para reconhecer e sugerir nomes de espécies de fungos. As fotos foram retiradas do banco de dados do aplicativo, disponível no site de armazenamento de dados Mendeley Data.  Ao todo, 17.467 imagens foram depositadas, referentes a mais de 500 espécies (Drechsler-Santos et al. 2023 DOI: 10.17632/sfrbdjvxcc.2). Na galeria, foram priorizados os registros identificados até o nível de espécie, totalizando 332 espécies. Vale ressaltar que os esforços para a ampliação deste banco de dados continuarão a ser realizados constantemente, e consequentemente a galeria será periodicamente atualizada com eventuais novas espécies registradas.

    Incluindo nós da equipe do MIND.Funga, vários colaboradores voluntários em diversas partes do Brasil participaram da construção do banco de dados, como participantes de grupos de Facebook, pesquisadores parceiros e cidadãos constituintes do programa de Ciência Cidadã para o treinamento da rede neural do MIND.Funga APP. Para mais informações sobre autoria das fotos, entre em contato com a gente através do e-mail mind.funga@gmail.com.

    Agradecemos aos órgãos de financiamento dos nossos projetos(CNPq, CAPES, FAPESC, SBPC, The MBZ species conservation fund, Indianapolis Zoo Conservation Grant Program, entre outros). Ainda, queremos fazer um agradecimento muito especial a todos os colaboradores e apoiadores do MIND.Funga (https://mindfunga.ufsc.br/apoiadores-e-colaboradores-1/ e https://mindfunga.ufsc.br/mind-funga-ciencia-cidada/ ).

    A galeria pode ser acessada através clicando aqui:


  • MIND.Funga encerra votação para nomeação de nova espécie de fungo para a ciência

    Publicado em 31/08/2022 às 19:59 07Wed, 31 Aug 2022 19:59:59 +000059.

    A nova espécie de fungo se chama Ophiocordyceps zombifica!

    Nova espécie do gênero Ophiocordyceps encontrada no Parque Nacional de São Joaquim.

    Como continuação do projeto “SBPC Vai à Escola”, realizado nas escolas do entorno do Parque Nacional de São Joaquim, o MIND.Funga convidou toda a sociedade a votar para nomear uma nova espécie de fungo. A espécie em questão é pertencente ao gênero Ophiocordyceps, que é representado por espécies de fungos que parasitam insetos! A votação é mais um dos resultados do projeto apoiado pela SBPC, CNPq, FAPESC e INCT Herbário Virtual da Flora e dos Fungos, no qual livro paradidático infantil foi produzido e distribuído para as escolas do entorno do Parque Nacional de São Joaquim, local em que a espécie nova foi encontrada. Ao decorrer do projeto os estudantes da região tiveram a oportunidade de sugerir nomes para a espécie, que podem ser encontrados no formulário. A votação se encerrou durante a “Semana da Ciência da Serra Catarinense”, que aconteceu em Orleans e Urubici, coincidindo com a “19ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia”, durante os dias 23 e 28 de outubro de 2022. A votação foi anunciada na rede social Instagram do MIND.Funga, com mais informações sobre a espécie e a votação!


  • Publicado em 11/05/2022 às 11:05 11Wed, 11 May 2022 11:05:48 +000048.


    Filmagem no dossel de uma mata nebular, parte encoberta por neblina.


  • Lycoperdon sulcatostomum

    Publicado em 22/12/2023 às 20:06 08Fri, 22 Dec 2023 20:06:41 +000041.

     

    Lycoperdon sulcatostomum. Foto: L. Treiveiler-Pereira.

    Lycoperdon sulcatostomum é uma espécie de fungo gasteroide saprotrófica que cresce de maneira gregária sobre troncos e galhos mortos. A espécie é endêmica de áreas de Mata Atlântica na região sul do Brasil, ocorrendo nos estados do Paraná (seis ocorrências) e Santa Catarina (três ocorrências). A diversidade de fungos gasteroides é bem explorada nas regiões sul, sudeste e nordeste do Brasil, fazendo com que L. sulcatostomum seja considerada rara, já que é conspícua e possui poucas ocorrências registradas. Acredita-se que a espécie possa ocorrer na regiões de Misiones na Argentina, e possivelmente também no Paraguai, visto que ambos países possuem áreas similares com o habitat conhecido da espécie. A Mata Atlântica sofre historicamente com grandes desmatamentos para criação de gado, expansão urbana e estabelecimento de monoculturas. Por conta disso, somente 28% da área original do bioma se mantém atualmente. Com base na raridade da espécie, seu pequeno tamanho populacional e a perda considerável e continua de área e qualidade de seu habitat,  L. sulcatostomum é considerada Vulnerável de acordo com os critérios da IUCN (C2a(ii)).

     

    Mapa de distribuição de L. sulcatostomum. https://www.iucnredlist.org/species/245800524/245801663.

     

    Referências

    Trierveiler-Pereira, L., Baltazar, J.M., Alves, C., Alves-Silva, G. & Costa-Rezende, D.H. 2023. Lycoperdon sulcatostomum. The IUCN Red List of Threatened Species 2023: e.T245800524A245801663. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2023-1.RLTS.T245800524A245801663.en. Accessed on 22 December 2023.


  • Bondarzewia loguerciae

    Publicado em 22/12/2023 às 18:06 06Fri, 22 Dec 2023 18:06:19 +000019.

     

    Bondarwezia loguerciae. Foto: MIND.Funga.

    Bondarzewia loguerciae é uma espécie de fungo associada exclusivamente a espécie vegetal Drimys angustifolia sendo encontrada em indivíduos vivos e mortos de seu hospedeiro. A espécie é considerada endêmica de regiões de mata nebular no sudeste do Brasil, ocorrendo em áreas acima de 1000 metros de altitude. Além disso, Bloguerciae é considerada rara, já que possui basidiomas conspícuos e, apesar do grande esforço amostral desprendido desde 2011 em sua área de ocorrência conhecida, até o momento, a espécie possui somente dez registros. Estes estão distribuídos nos estados de Santa Catarina (Parque Nacional de São Joaquim) e Rio Grande do Sul (Parque Nacional de Aparados da Serra). Com base na distribuição de seu hospedeiro ao longo de áreas de mata nebular, espera-se que a espécie ocorra também nos estados do Paraná, São Paulo e Minas Gerais. A população da espécie e seu habitat são ameaçados principalmente pelas mudanças climáticas e ações antrópicas, como a criação de gado, introdução de espécies invasoras, fogo e desmatamento. Por conta da fragilidade das matas nebulares causada pela sua distribuição naturalmente fragmentada e alta dependência de condições microclimáticas, em conjunto com as ameaças para a espécie e seu habitat, suspeita-se que Bloguerciae sofra uma redução populacional de 60-80% nos próximos 50 anos, enquadrando-a na categoria Criticamente Ameaçada de acordo com os critérios da IUCN (A3c).

     

    Mapa de distribuição de B. loguerciae. https://www.iucnredlist.org/species/245801951/245801953.

     

    Referências

    Kossmann, T., Alves-Silva, G., Bittencourt, F., Salvador Montoya, C.A., Funez, L., Werner, D. & Rajchenberg, M. 2023. Bondarzewia sp. nov. ‘loguerciae’. The IUCN Red List of Threatened Species 2023: e.T245801951A245801953. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2023-1.RLTS.T245801951A245801953.en. Accessed on 22 December 2023.


  • Material didático sobre Fungos

    Publicado em 17/05/2022 às 15:39 03Tue, 17 May 2022 15:39:24 +000024.

    Este material didático intitulado “Material Complementar ao livro Sistemática Vegetal I: Fungos”,  tem por objetivo fornecer o conteúdo sobre fungos, na área da micologia, de forma atualizada. Além do vasto material sobre o reino Fungi, também há informações sobre os pseudofungos (Mixomicetos e Oomicetos). Ele está disponível de forma gratuita e em português, você pode acessá-lo clicando [aqui] ou na capa acima.

    A publicação “A particularidade de ser um fungo – Constituintes celulares” feita na revista Biotemas em 2006, com co-autoria do Prof. Dr. E. Drechsler-Santos traz aspectos sobre a biologia celular de fungos, ressaltando as semelhanças celulares entre fungos e demais eucariotos, assim como as adaptações exclusivas do reino. Acesse o trabalho através do link no texto acima ou clicando na imagem.

     

     


  • E-book gratuito “Protocolo de Captura de Imagens de Macrofungos”

    Publicado em 15/01/2022 às 12:39 12Sat, 15 Jan 2022 12:39:40 +000040.

    As fotografias são uma etapa importante para a identificação e taxonomia de macrofungos, através delas podemos observar as estruturas macroscópicas que os compõem, obtendo assim ricas informações sobre a morfologia dos fungos. Pensando na necessidade de se obter boas fotos para conhecer e documentar a Funga, foi idealizado o e-book “Protocolo de Captura de Imagens de Macrofungos”. Esse guia faz parte de um projeto maior, que envolve o desenvolvimento de um aplicativo de reconhecimento de espécies de macrofungos através de fotografias, e, desta forma, tem por objetivo fornecer dicas importantes a quem deseja fotografar macrofungos. Todos sabemos que é importante que as imagens sejam informativas e que possam auxiliar no reconhecimento da diversidade destes organismos. As orientações básicas vão desde a preparação do cenário, passando por todos os ângulos do fungo que devem ser fotografados, informações importantes de serem registradas, até sobre como o aplicativo está sendo desenvolvido para ajudar no reconhecimento de espécies com uso de inteligência artificial.

    O guia foi desenvolvido de forma multidisciplinar pela equipe do MIND.Funga juntamente com o Laboratório de Processamento de Imagens e Computação Gráfica da UFSC (LAPIX).
    O e-book “Protocolo de Captura de Imagens de Macrofungos” bilíngue (português e inglês) já está disponível GRATUITAMENTE para download através do link. O aplicativo para o reconhecimento de espécies, MIND.Funga App, ainda está em fase de teste e logo será lançado oficialmente.

    A realização deste livro só foi possível através de parcerias e apoios financeiros de algumas entidades, como o CNPQ, CAPES, FAPESC, PPGFAPUFSC, INCT Herbário Virtual, SBPC e INCoD.

    [Clique aqui e baixe o E-Book]


  • Pesquisadores identificam fungos ameaçados e alertam para a necessidade de políticas de conservação

    Publicado em 10/11/2021 às 17:33 05Wed, 10 Nov 2021 17:33:19 +000019.

    Um fungo que transforma insetos em zumbis no Vale do Itajaí e um líquen que só é encontrado entre as dunas de uma praia de Imbituba são algumas das, pelo menos, 21 novas espécies de fungos e liquens brasileiros que serão incluídas na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), um dos principais inventários do mundo sobre estado de conservação de animais, fungos e plantas. A ação é resultado de um workshop organizado pelo grupo de pesquisa MIND.Funga, ligado ao Laboratório de Micologia (Micolab) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em parceria com a Comissão para a Sobrevivência de Espécies de Fungos da IUCN. Os encontros realizados ao longo de setembro e outubro reuniram, além das equipes do MIND.Funga e do Micolab, 18 pesquisadores de nove estados das cinco regiões do país. Até o fim do ano, o grupo segue em processo de avaliação para outras 30 propostas de inclusão de espécies na Lista Vermelha.

    O primeiro workshop brasileiro de avaliação de espécies de fungos para a Lista Vermelha Global da IUCN, além da formação de recursos humanos para a classificação das espécies nas categorias de ameaça e a aplicação dos critérios da IUCN, teve o intuito de engajar os pesquisadores no tema da conservação. As primeiras reuniões visaram à capacitação dos participantes na elaboração da documentação necessária. Posteriormente, as propostas elaboradas pelo grupo foram analisadas por dois avaliadores credenciados da IUCN: o cientista-chefe do Jardim Botânico de Chicago, Gregory M. Mueller, e a professora da Eastern Washington University Jessica Allen.

    As 21 espécies já avaliadas são distribuídas em dois filos (Ascomycota e Basidiomycota) e oito ordens, e a maior parte está ameaçada de extinção em algum grau. São quatro criticamente em perigo (risco extremamente elevado de extinção na natureza); três em perigo (risco muito elevado de extinção na natureza); nove vulneráveis (risco elevado de extinção na natureza); quatro quase ameaçadas (categoria de baixo risco, mas com espécies perto de serem classificadas ou que provavelmente serão incluídas em uma das categorias de ameaça em um futuro próximo); e uma na categoria “Dados Deficientes” (faltam dados adequados sobre a sua distribuição e/ou abundância para fazer uma avaliação direta ou indireta do seu risco de extinção).

    Este último é o caso do Ophiocordyceps ainictos, um fungo que ataca e parasita larvas, provavelmente de borboletas ou mariposas, e controla seu comportamento, transformando-as em verdadeiros zumbis. Acredita-se que ele seja endêmico da região do Vale do Itajaí. “É uma espécie extremamente rara e que em 120 anos foi encontrada apenas duas vezes, sendo tão rara e misteriosa que nem foi possível determinar o seu grau de ameaça, ficando na categoria ‘Dados Deficientes’, o que indica que ela deve ser um foco de estudos para que possamos entender melhor sua biologia e distribuição, possibilitando assim uma melhor compreensão do quão ameaçada ela está”, informam o professor Elisandro Ricardo Drechsler dos Santos e o pós-doutorando Diogo Henrique Costa Rezende, ambos pesquisadores do MIND.Funga e coordenadores do workshop.

     

    Outra espécie endêmica de Santa Catarina é a Cladonia dunensis, um líquen encontrado apenas em uma faixa entre as dunas da Praia de Itapirubá, em Imbituba. Por conta dessa distribuição extremamente restrita, e justamente numa área altamente visada pelo turismo e alvo de especulação imobiliária, ela foi avaliada como criticamente ameaçada de extinção. Ou seja, se nada for feito, tem uma chance alta de desaparecer nas próximas décadas.

    Quatro das espécies já avaliadas constarão no próximo release on-line da IUCN, que será divulgado em dezembro; as demais serão publicadas no decorrer do próximo ano. Na página do workshop, é possível conferir todas elas, bem como as que ainda estão em processo de análise. Outras espécies que ocorrem no território brasileiro e já foram publicadas na lista vermelha global podem ser acessadas no site do MIND.Funga.

    Líquen Cladonia dunensis é encontrado apenas em uma faixa entre as dunas da Praia de Itapirubá, em Imbituba. Foto: Emerson Gumboski

    Conservação de fungos e liquens

    Fomitiporia nubicola é uma espécie degradadora de madeira que, até agora, só foi encontrada no Vale do Itajaí e no Parque Nacional de São Joaquim, mas pode ser que esteja também na região Sudeste do Brasil. Ameaçada de extinção, é considerada vulnerável pelos critérios da IUCN. Foto: G. Alves-Silva

    Os resultados do workshop chamam a atenção para a necessidade de se implementar, no país, políticas de conservação da funga – termo que designa as espécies de fungos de uma determinada região, assim como a flora e a fauna dizem respeito às plantas e aos animais. “Todos saímos do workshop com o entendimento de que algo maior precisa ser feito para que os fungos de fato sejam considerados no cenário nacional da conservação da biodiversidade”, comentam os coordenadores.

    Os fungos são essenciais para a vida em nosso planeta. Mesmo que nem sempre notemos, eles são parte importante do nosso cotidiano. A produção de medicamentos e a alimentação (além dos cogumelos, também estão presentes na fabricação de queijos, pães, vinhos e cervejas, entre outros) são apenas alguns exemplos. Os fungos estão envolvidos em processos-chave nos ecossistemas naturais e permitem que a vida como a conhecemos exista.

    “No entanto, mais de 90% das espécies de fungos são desconhecidas pela ciência, e sabemos que muitas delas podem estar ameaçadas de extinção. Sendo assim, estamos correndo um risco iminente de perder espécies de grande importância ecológica e até econômica sem sequer conhecê-las. Esse cenário só pode ser mitigado com o investimento de recursos para o reconhecimento dessa biodiversidade desconhecida, bem como daquelas espécies que estão ameaçadas de extinção, acompanhado de políticas que considerem os fungos em estudos de impacto ambiental, planos de ação nacional e como indicadores de áreas prioritárias para conservação”, apontam Drechsler-Santos e Costa-Rezende.

    Aegis luteocontexta é mais uma espécie degradadora de madeira considerada rara e vulnerável. Ocorre na Mata Atlântica e potencialmente na Amazônia, além da Guiana e da Costa Rica. Foto: Felipe Bittencourt

     Não há, contudo, qualquer tipo de política de conservação de fungos no Brasil – eles nem mesmo são mencionados em leis ou planos de conservação. Também não existe uma lista vermelha para a funga no país – há relações oficiais somente para a flora e a fauna. “É urgente não só a necessidade de capacitar os micólogos para as avaliações de estado de conservação das espécies, mas também disseminar entre acadêmicos e população que os fungos estão sob ameaça, e que não existe nenhuma política pública para defendê-los, pois essa é única forma para os fungos ganharem visibilidade na agenda nacional de conservação”, enfatizam os coordenadores do workshop.

    Avaliar as espécies e reconhecê-las como ameaçadas de extinção é apenas o primeiro passo que deve ser dado. Uma grande conquista, salientam os pesquisadores, seria o reconhecimento, por parte do Ministério do Meio Ambiente, dessas espécies de fungos já avaliadas e publicadas pela IUCN. “Existem muitas necessidades para que os fungos sejam verdadeiramente reconhecidos em uma agenda de conservação nacional, para isso os fungos precisam ser reconhecidos em uma política pública que envolve toda a sociedade, instituições e o próprio governo, através do Ministério do Meio Ambiente, para que os fungos sejam incorporados nos aspectos legais da conservação brasileira”, reforçam Drechsler-Santos e Costa-Rezende.

    Wrightoporia araucariae, até o momento, só foi vista crescendo em troncos mortos de araucária – e somente cinco vezes, na região Sul do país. Potencialmente, segue a distribuição geográfica da árvore. Está criticamente ameaçada de extinção. Foto: M.A. Reck

    MIND.Funga

    Além dos estudos sobre as comunidades de fungos, o MIND.Funga se dedica a ações de extensão e educação científica, como a produção de um livro infantil. Também se destacam os projetos de Ciência Cidadã, nos quais os moradores dos entornos das Unidades de Conservação somam esforços com os pesquisadores para ampliar o reconhecimento de espécies nativas. O grupo tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

    Camila Raposo/Jornalista da Agecom/UFSC


  • Aprender para conservar – as descobertas sobre o Reino Fungi!

    Publicado em 08/11/2021 às 11:31 11Mon, 08 Nov 2021 11:31:22 +000022.

    Sistemática de Hymenochaete Lév.

    A bióloga e mestra Marcela Monteiro nos conta um pouco sobre sua trajetória, desafios e próximos passos de pesquisas como a dela.

    Por Felipe Gruetzmacher

    O grupo de pesquisa MIND.Funga (UFSC) entrevistou a bióloga e mestra Marcela Monteiro cujo tema da dissertação foi a sistemática de Hymenochaete (gênero de fungo).
    Em biologia, especificamente na taxonomia, as espécies são colocadas em grupos numa hierarquia. O gênero é um nível dessa hierarquia. Para entender melhor o gênero, foram realizadas, por exemplo, análises das relações de parentesco entre as espécies a partir de sequências de DNA (análises filogenéticas). Foram estudados também caracteres microscópicos (visíveis com apoio de microscópio) e macroscópicos (visíveis a olho nu).

    Os objetivos do diálogo entre o MIND.Funga e a bióloga e mestra Marcela Monteiro foram:

    • Reforçar a importância da pesquisa para a biologia;
    • Pontuar sobre as motivações pessoais e profissionais do(a) mestrando(a);
    • Mencionar como o trabalho do cientista se conecta com esforços de outros setores em prol da conservação ambiental.

    PARA MAIS DETALHES

    Há alguma motivação pessoal para estudar os temas do seu mestrado? Como foi a experiência de realizar essas pesquisas e completar o mestrado?

    A motivação pessoal esteve em querer conhecer o Reino Fungi e suas peculiaridades. Fiquei cada vez mais curiosa e interessada em me especializar com temáticas sobre a funga brasileira. O grupo de fungos que me propus estudar é muito desafiador, tanto quanto o grupo é detentor de uma beleza intrínseca bastante particular. A experiência do mestrado foi especial e muito intensa.

    Qual é a motivação científica (interesse como acadêmica e mestranda) em estudar a taxonomia dos fungos?

    A motivação científica e interesse é a de contribuir com a taxonomia dos fungos, fazer parte da construção do conhecimento e subsidiar meios para conservar, preservar e divulgar estas espécies, pois isto só é possível conhecendo a respeito. Assim como, utilizar do conhecimento adquirido e o que venho construindo (pois eu considero o conhecimento um processo inacabado) para aproximar a comunidade em geral da funga, para que os fungos não passem despercebidos, sejam incluídos em todos os níveis de ensino e não sejam negligenciados em meio a explicações que trazem apenas seus malefícios.

    A seleção natural é um processo evolutivo, no qual a permanência de caracteres, muitas vezes, pode ser resultado daqueles mais promissores. Assim, com a especiação, novas espécies surgiram (e surgem) e hoje são “encaixadas” em grupos e nomeadas (taxonomia), além de serem entendidas quanto ao seu parentesco com outras espécies (sistemática filogenética). Como sua pesquisa pode ajudar a enriquecer o conhecimento sobre a vida e a biologia?

    Minha pesquisa trouxe análises taxonômicas e filogenéticas sobre fungos do gênero Hymenochaete (filo Basidiomycota), o que nos ajuda a entender e nos aproxima da história evolutiva destes fungos degradadores de madeira. Foram realizadas análises filogenéticas com quase todas as espécies conhecidas deste gênero, o que facilita entender principalmente a relação entre os caracteres microscópicos e macroscópicos que as espécies apresentam, além daqueles que são mais informativos e auxiliam na taxonomia.
    Minha pesquisa pode ajudar a enriquecer o conhecimento sobre a vida e a biologia, em especial se for continuado, assim como, associado a outros estudos (ex: potenciais biotecnológicos), pois quanto maior o aprofundamento mais conexões de entendimento são possíveis no complexo estudo da vida.

    Qual é o impacto da sua pesquisa do mestrado nos estudos biológicos? Você consegue imaginar como esses saberes podem iniciar outros estudos ou quais temas podem ser pesquisados a partir das suas descobertas?

    O impacto é o de fornecer dados e informações detalhadas sobre espécies do gênero Hymenochaete, sendo que estas, podem ser utilizadas em estudos de conservação dos fungos e de espécies relacionadas com as plantas, assim como, podem servir de subsídio para divulgação científica da funga do sul do Brasil. E como as informações geradas serão curadas e estarão disponíveis em bancos de dados, futuramente podem servir para outras demandas científicas que possam surgir e/ou inspirados pelos resultados.
    Durante o mestrado, acessei fungos que têm uma morfologia difícil de ser distinguida, de ser estabelecida e consequentemente estudada, quanto mais informação de qualidade for gerada a respeito, haverá mais norteamento para as futuras pesquisas com espécies do gênero e talvez até certo encorajamento.

    Qual é o ponto mais inédito da sua pesquisa? Fale um pouco da originalidade da sua investigação científica.

    Até o momento não havia um trabalho de mestrado dedicado exclusivamente ao estudo de espécies do gênero Hymenochaete para o sul do Brasil e que tivesse análises filogenéticas envolvendo espécies conhecidas (em todo o globo) para todo o gênero, acompanhado de análises microscópicas e macroscópicas sobre as espécies.

    Quais foram as etapas do seu trabalho no mestrado, desde o início da formulação das hipóteses até a finalização da dissertação?

    Meu mestrado teve como etapas a formulação das perguntas que iriam nortear o mesmo, expedições a campo para coleta de materiais para as análises, assim como, foram realizadas análises de cunho ecológico, ainda que bastante primárias neste viés e de forma bastante intensa foram realizadas as análises microscópicas e de biologia molecular, onde sequências de DNA dos materiais foram analisadas filogeneticamente.
    O levantamento de literatura para discussão dos conceitos se manteve ativa por todo o trabalho. Todas as etapas visam contribuir para a reconstrução de uma parte da história do grupo de fungos (gênero) Hymenochaete, buscando entender e delimitar as espécies encontradas.

    Quais são os impactos sociais das suas descobertas e esforço em conservar espécies?

    O impacto social é o de trazer à luz espécies ainda não conhecidas ou até mesmo pouco estudadas e que consequentemente ainda não possuíam dados que pudessem contribuir em sua conservação, tal como seu nicho e distribuição geográfica bem limitados.
    A divulgação da funga estudada também é um ponto importante, pois a conservação é um trabalho feito em conjunto e que precisa da comunidade em geral, dos pesquisadores de diferentes disciplinas (ex: ambientalistas, ecólogos, engenheiros) e de órgão ambientais.
    E para contar com ajuda de todos, é preciso aproximar o conhecimento produzido na academia à sociedade em geral.

    Edição de Genivaldo Alves-Silva e GT de divulgação MIND.Funga


  • Trametopsis brasiliensis abre a lista de espécies avaIiadas

    Publicado em 19/10/2021 às 12:20 12Tue, 19 Oct 2021 12:20:55 +000055.

     

    I Workshop brasileiro de avaliação de espécies de fungos para a Lista Vermelha Global da IUCN

    A equipe do MIND.Funga em parceria com membros da Comissão para a Sobrevivência de Espécies de Fungos da IUCN está promovendo o I Workshop Brasileiro de Avaliação de Espécies de Fungos para a Lista Vermelha Global da IUCN. Nessa semana de 18 a 22, o evento estará em seu terceiro encontro:

    • Encontro inicial: o grupo discutirá a aplicação dos critérios da IUCN para avaliação do estado de conservação de espécies através de atividades teóricas e práticas;
    • Segundo encontro: os convidados para o Workshop trarão 2 ou 3 dossiês de avaliação espécies já no formato de proposição para estar na lista vermelha. As proposições serão discutidas e aprimoradas com apoio dos professores do curso;
    • Terceiro encontro: cada participante apresentará novos dossiês juntamente com as espécies já discutidas no segundo encontro e as propostas serão avaliadas por avaliadores credenciados da IUCN (Gregory M. Mueller e Jessica Allen).

      Página do evento brasileiro na plataforma The Global Fungal Red List initiative

    Foram convidados 17 micólogos e liquenólogos (maioria brasileiros) para participar dessa importante iniciativa para a biologia da conservação e do reconhecimento da Funga.

    A ideia central do evento é criar engajamento dos especialistas em micologia/liquenologia do Brasil no tema de extrema relevância que é a conservação. Dessa forma, esperamos que os envolvidos sejam capacitados em todo o processo e continuem propondo espécies para a lista global. Precisamos, enquanto micologia brasileira, gerar uma onda de colaborações e por isso temos como parceiros apoiadores, além de Species Survival Commission International Union for Conservation of Nature (SSC IUCN), o MIND.Funga/MICOLAB/UFSC, a Sociedade Brasileira de Micologia (SBMic), o Núcleo de Especialistas em Micologia da Sociedade Botânica do Brasil (NEMic da SBB) e o INCT Herbário Virtual da Flora e Funga.