A Funga frente aos efeitos do manejo tradicional no Parque Nacional de São Joaquim, Santa Catarina

Investigando a Funga frente aos efeitos do manejo tradicional no Parque Nacional de São Joaquim, Santa Catarina

Chamada PIICT (Bolsas PIBIC/CNPq – PIBIC-Af/CNPq – BIPI/UFSC 2021/2022. Período de vigência: 01 de agosto de 2021 a 31 de julho de 2022. Orientador: Elisandro Ricardo Drechsler-Santos. Vinculada a Chamada CNPq/MCTI/CONFAP-FAPS/PELD nº 21/2020.

Vídeo protocolo para coleta de solos produzido no âmbito do projeto:

 

Interface floresta-campo no Parque Nacional de São Joaquim.

Os campos de altitude são ambientes que integram o mosaico vegetacional da Mata Atlântica, sendo ameaçados por estarem sujeitos ao florestamento e por serem muitas vezes negligenciados em políticas ambientais de conservação. A Funga (termo que representa a diversidade de fungos de determinado local) presente no solo destes ambientes, apesar de essencial para o funcionamento ecossistêmico, também é historicamente negligenciada e pouco conhecida. Os campos de altitude sofrem ainda constantes distúrbios, que são causados pelo manejo tradicional que é aplicado nestas áreas. Estas práticas envolvem a utilização de fogo controlado e pastejo para promover o rebrote da vegetação, controle do adensamento de arbustos e alimentação do gado.

Apesar de seus efeitos serem controversos e pouco entendidos, principalmente para o micobioma, o manejo tradicional é frequentemente aplicado nos campos de altitude na região do PNSJ. Neste contexto, este projeto objetiva compreender o impacto destas práticas na Funga e suas funções e processos ecossistêmicos associados. Para isso, serão utilizadas tecnologias de sequenciamento de nova geração, como o metabarcoding.

Através de amostras do solo, eDNA (environmental DNA), será possível acessar a real diversidade de fungos do solo, além da realização de estudos sobre suas respostas ecológicas frente ao manejo tradicional. Uma vez que o efeito destes distúrbios for melhor entendido, será possível realizar estratégias de preservação e manejo dos campos de altitude que visem a proteção e conservação de sua biodiversidade e processos ecossistêmicos.

Este projeto está sendo desenvolvido no âmbito do PPBio/PELD ciclo 2: “Biodiversidade de Santa Catarina: investigando a ecologia histórica e os efeitos de manejo para restauração e conservação da Mata Atlântica do Sul do Brasil” (Chamada CNPq /MCTI/CONFAP-FAPS/PELD nº 21/2020 – vigência: 2020-2024 – Coordenador: Selvino Neckel de Oliveira).

Biodiversidade de Santa Catarina: investigando a ecologia histórica e os efeitos de manejo para restauração e conservação da Mata Atlântica do Sul do Brasil

A Mata Atlântica abriga umas das maiores biodiversidades do planeta. No entanto, a conciliação entre conservação e uso sustentável de seus recursos passa por desafios distintos devido a suas características biogeográficas e da ecologia histórica. O Parque Nacional de São Joaquim (PSNJ) é uma unidade de conservação de proteção integral cujos aspectos geomorfológicos, biológicos e da ecologia histórica são representativos do Planalto Sul-brasileiro. Aqui há alternância entre Campos de Altitude e Florestas com Araucárias e a Floresta Pluvial Subtropical no fundo dos vales. Suas áreas de floresta com araucárias, florestas nebulares e campos de altitude têm sido perturbadas há décadas pelo uso intensivo do solo, principalmente pelo pastejo do gado. Estudos sistemáticos para conhecer a biodiversidade do PNSJ iniciaram em 2013 com a implementação do Programa de Pesquisas em Biodiversidade de Santa Catarina e de parcelas permanentes  em áreas acima de 1000 de altitude. Em 2018 os estudos foram ampliados para a área de sobreposição do PNSJ com o Parque Estadual da Serra Furada (PAESF), onde predomina a Floresta Ombrófila Densa.

O objetivo principal dessa proposta consiste em entender como as mudanças no uso da terra, fatores relacionados às mudanças ambientais e invasão por espécies exóticas influenciam a estrutura dos ecossistemas e seus serviços ecossistêmicos ao longo de gradientes ambientais e altitudinais em duas UCs do Estado de Santa Catarina: o Parque Nacional de São Joaquim e o Parque Estadual da Serra Furada. A quantificação e monitoramento em longo prazo dos indicadores dessas mudanças tanto em áreas impactadas como em áreas protegidas contribuem para entendimento dos efeitos de diferentes tipos de manejo sobre a dinâmica e a manutenção da diversidade e para identificar e promover formas de manejo sustentáveis em longo prazo dos ecossistemas destas UCs.